CAMILA DA SILVA BEZERRA
Os donos de cães e gatos têm gasto mais para cuidar de seus animais. Nos cinco primeiros meses deste ano, as despesas relativas a produtos e serviços voltados a bichos de estimação subiram 6,9%, na Grande São Paulo, segundo o Índice Geral de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). É o maior aumento registrado nos últimos cinco anos para o período. Já a inflação geral, medida pelo IPCA acumula alta de 3,71% no intervalo de janeiro a maio de 2011.
Para João Carlos Colombo, veterinário há mais de 30 anos e dono de uma pet shop na Penha, zona leste, os serviços estão mais caros em razão do crescimento da demanda por tratamentos de alta qualidade voltados para os animais que são, muitas vezes, considerados membros da família.
Também pesa nos preços a falta de especialização dos profissionais do ramo, o que faz com que a mão de obra qualificada fique mais cara.
“Tivemos um acréscimo de preço de 10% porque montamos um serviço de hotelaria que tem de tudo, desde pet shop, com ofurô, piscina aquecida sem cloro, estética, quadra de esporte para que os pais brinquem com os filhos e animais”, diz o veterinário.
Com relação à ração, pet shops e especialistas afirmam que o aumento dos preços apenas acompanhou a alta da inflação.
“Vejo que os preços estão sempre aumentando. Procuro fazer compras sempre no mesmo local e percebo aumentos contínuos de R$ 0,50 e R$ 1”, diz o funcionário público Antônio Lima, 59 anos, um dos consumidores afetados pelos reajustes. Ele gasta cerca de R$ 180 por mês com alimentação e banhos semanais da cadelinha Cristal.
Gastos com veterinário
O aumento divulgado pelo IPCA não inclui os gastos com veterinário, cuja consulta simples varia de R$ 80 a R$ 120. Essa despesa faz com que Mário Sérgio Rosa desembolse entre R$ 300 e R$ 400 por mês para cuidar do lhasa apso Nino, que têm uma doença crônica. “A gente não tem controle: é banho, tosa, veterinário, comida e remédio”, diz o dentista.

Essa despesa faz com que Mário Sérgio Rosa desembolse entre R$ 300 e R$ 400 por mês para cuidar do lhasa apso Nino, que têm uma doença crônica
Já acessórios e vacinas não apresentaram aumento significativo do preço, de acordo com Valquíria Furlani, consultora de Pet Shops do Sindicato dos Lojistas do Comércio de São Paulo (Sindilojas-SP).
“Por conta do dólar, a concorrência dos produtos importados não favorece o aumento do preço de brinquedinhos e demais acessórios”, explica a consultora do Sindilojas-SP.
“Já as vacinas mantêm o mesmo valor há cerca de 24 meses, pois o aumento desse produto pode desencorajar os donos de prevenir doenças que podem até ser contagiosas para nós”, afirma Colombo.
Para proteger a saúde dos animais domésticos, o consumidor gasta entre R$ 50 e R$ 80 para aplicar cada dose da V10, voltada para cães, ou ainda a Quádrupla Felina. A vacina contra raiva é encontrada a partir de R$ 35.
Maior população
O Brasil tem hoje a segunda maior população de animais domésticos do mundo, superior a 84 milhões de animais, atrás apenas da dos Estados Unidos.
De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Aninais (Anfalpet), o setor apresentou crescimento de 14,75% no ano passado e o mercado consumidor movimentou mais de R$ 7 bilhões.