CAMILA DA SILVA BEZERRA
Profissionais qualificados recebem melhores salários no Brasil do que em outros países da América Latina e até da Europa. Enquanto um engenheiro civil que atua no País ganha, em média, R$ 16,7 mil, a remuneração do mesmo profissional que trabalha na Espanha é de R$ 9,5 mil — diferença de 75%. O levantamento foi feito pela empresa de recrutamento profissional Michael Page, que consultou suas filiais de Espanha, Itália, México e Brasil.
Diretores, gerentes comerciais e especialistas em marketing também recebem mais aqui do que no exterior: os salários são, pelo menos, 27% maiores que nos demais países pesquisados pela Michael Page.
Especialistas em mercado de trabalho e recursos humanos afirmam que a diferença de remuneração pode aumentar ainda mais, devido à escassez da mão de obra qualificada e ao melhor momento da economia brasileira diante da crise internacional.
“Esta tendência se mantém nos próximos três ou quatro anos, devido às boas perspectivas da nossa economia, impulsionadas pela Copa do Mundo de 2014, Olimpíada e exploração do pré-sal”, diz o diretor de Novos Projetos da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Cezar Pegon.
Segundo ele, 60 mil engenheiros devem se formar até 2014, número cinco vezes menor que a demanda: de 300 a 350 mil profissionais. “Apenas a exploração do petróleo da camada pré-sal gerou cinco mil novos cargos. Por isso, o profissional tem de buscar especialização”, afirma Pegon.
Para o economista e professor da Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), Tadeu Silvestre, a remuneração maior também é reflexo da crise internacional, já que países como a Espanha se veem obrigados a cortar salários, aumentando a concentração de renda, pois nem todos os profissionais conseguem ganhar salários tão altos.
“O mercado faz uma triagem. Há engenheiros e executivos ganhando muito bem, mas ainda há muitos profissionais que têm remuneração baixa”, avalia o professor da FMU.